sábado, 7 de setembro de 2013

Autárquicas 2013

Muito poderíamos falar sobre o resultado das Autárquicas, as leituras nacionais, as pressões sobre os lideres dos principais partidos e o impacto das candidaturas independentes. Contudo, falaremos apenas dos vencedores, vencidos e dos respectivos discursos.



1. Os derrotados são: o PSD, Luis Filipe Menezes e o Bloco de Esquerda. O Principal partido do Governo não ganha nenhuma das cinco câmaras mais importantes (i.e. Lisboa, Porto, Gaia, Sintra e Oeiras). Um valente cartão amarelo às políticas que têm sido adoptada a nível Nacional. Luis Filipe Menezes perde brutalmente o Porto sem nada acrescentar ao Concelho e a sua sucessão em Gaia ofereceu mais uma derrota ao Partido. Por ultimo o Bloco de Esquerda, perde o que tinha, Salvaterra de Magos e não ganha mais nenhum posto.




2. Os vencedores são: o PS, a CDU, Rui Moreira e António Costa. Inevitavelmente o PS ganha claramente estas eleições. 150 câmaras municipais "pintam-se" de cor-de-rosa é o maior resultado de sempre para um partido numas eleições autárquicas. A CDU resgata o Alentejo e abraça votos de protesto de alguns eleitores, matem-se coerente consigo mesma e fiel aos seus ideais. Rui Moreira, ganha a Camara do Porto, espelha a fragilidade dos Partidos políticos e mostra que o Porto é o município mais bairrista do País. Em Lisboa, António Costa ganha a Camara com o forte contributo do PS mas a maioria alcançada é, claramente, fruto do trabalho desenvolvido.




3. Os discursos. Manuel Pizarro profere o melhor discurso da noite, democrático, coerente, fiel aos eleitores e aparentemente honesto. O Bloco de Esquerda, não soube perder e aponta o dedo à não cobertura por parte dos media à campanha eleitoral. Não saber perder fica mal à esquerda que se diz romântica.




Uma nota para o CDS. Ganha cinco autarquias, mantendo uma, Ponte de Lima. As outras são: Velas, Santana, Albergaria e Vale de Cambra. Paulo Portas inumerou-as salientando que em 2009 só Ponte de Lima figurava no mapa. Mas claro, não sublinhou com a mesma veemência a derrotas das coligações com o irrevogável Parceiro.




Termino com o seguinte comentário, não consigo compreender o que Menezes, Moita Flores e Fernando Seara poderiam trazer de positivo aos concelhos a que se apresentavam como candidatos. Amanhã teremos a esperada entrevista de Rui Rio à SIC.

Grito de Paz


A guerra na Síria atingiu proporções inadmissíveis mesmo quanto aquelas determinadas pelos códigos de guerra: foram utilizadas armas químicas e foram atingidas em larga escala e de forma bárbara populações civis inocentes.

O mundo, atónito, tenta enjeitar uma resposta a tal barbárie mas que, a olhar pelas declarações dos grandes líderes políticos das nações, variam entre optar por não fazer nada, tentando ignorar o acontecido (ou mesmo lançar a dúvida se tenha havido tal ataque), e optar por responder com a violência das armas.

A solução parece passar sempre pela guerra seja pela alimentação de uma guerra civil sem fim onde as nações estrangeiras se perfilam pelo lado do regime ou dos rebeldes conforme os seus interesses estratégicos e económicos seja pela intervenção militar externa lançando para a opinião pública a ideia de uma resolução rápida, cirúrgica e sem perdas para o interventor. Mas à violência segue-se a violência e à guerra segue-se a destruição.

No entanto, no panorama internacional, há uma voz que não se cala e que apresenta uma proposta alternativa. A resposta do Papa Francisco vem em forma de grito e dá como alternativa a Paz: "Queremos um mundo de paz", "Nunca mais a guerra!", "Não é a cultura do confronto, a cultura do conflito, aquela que constrói a convivência nos povos e entre os povos, mas sim esta: a cultura do encontro, a cultura do diálogo".

Faço minhas as palavras do Papa, por isso, peço que não me levem a mal tão grande citação.

"Hoje, queridos irmãos e irmãs, queria fazer-me intérprete do grito que se eleva, com crescente angústia, em todos os cantos da terra, em todos os povos, em cada coração, na única grande família que é a humanidade: o grito da paz! É um grito que diz com força: queremos um mundo de paz, queremos ser homens e mulheres de paz, queremos que nesta nossa sociedade, dilacerada por divisões e conflitos, possa irromper a paz! Nunca mais a guerra! Nunca mais a guerra! A paz é um dom demasiado precioso, que deve ser promovido e tutelado.

Vivo com particular sofrimento e com preocupação as várias situações de conflito que existem na nossa terra; mas, nestes dias, o meu coração ficou profundamente ferido por aquilo que está acontecendo na Síria, e fica angustiado pelos desenvolvimentos dramáticos que se preanunciam.

Dirijo um forte Apelo pela paz, um Apelo que nasce do íntimo de mim mesmo! Quanto sofrimento, quanta destruição, quanta dor causou e está causando o uso das armas naquele país atormentado, especialmente entre a população civil e indefesa! Pensemos em quantas crianças não poderão ver a luz do futuro! Condeno com uma firmeza particular o uso das armas químicas! Ainda tenho gravadas na mente e no coração as imagens terríveis dos dias passados! Existe um juízo de Deus e também um juízo da história sobre as nossas ações aos quais não se pode escapar! O uso da violência nunca conduz à paz. Guerra chama mais guerra, violência chama mais violência.

Com todas as minhas forças, peço às partes envolvidas no conflito que escutem a voz da sua consciência, que não se fechem nos próprios interesses, mas que olhem para o outro como um irmão e que assumam com coragem e decisão o caminho do encontro e da negociação, superando o confronto cego. Com a mesma força, exorto também a Comunidade Internacional a fazer todo o esforço para promover, sem mais demora, iniciativas claras a favor da paz naquela nação, baseadas no diálogo e na negociação, para o bem de toda a população síria." (...)

"Repito em alta voz: não é a cultura do confronto, a cultura do conflito, aquela que constrói a convivência nos povos e entre os povos, mas sim esta: a cultura do encontro, a cultura do diálogo: este é o único caminho para a paz. Que o grito da paz se erga alto para que chegue até o coração de cada um, e que todos abandonem as armas e se deixem guiar pelo desejo de paz."

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Bom Senso

1. O Primeiro-Ministro afirmou que faltou bom senso aos juízes do Tribunal Constitucional, tendo o PSD acrescentado a este propósito que “A interpretação que é feita de alguns princípios constitucionais leva, na nossa óptica, a um imobilismo absoluto e a uma incapacidade reformista do Estado.” Para o PSD e para o Governo o problema não é a constituição mas a sua interpretação. Ora, os juízes do Tribunal Constituicional são os elementos que interpretam a Constituição e consideram, uma vez mais e desta vez por unanimidade, que a proposta apresentada é inconstitucional. Ou seja, a proposta vai contar o estabelecido no documento. Tanto o Governo como o PSD possuem inúmeros conselheiros, gabinetes, comités e comissões que poderiam ter evitado este chumbo. O que nos leva acreditar que este discurso poderá ser uma vitimização. Mas tendo o Executivo jurado cumprir a Constituição e sucessivamente apresenta medidas que a ferem, onde está a falta de bom senso, afinal?


2. O Cheque escola entrará em vigor com o novo Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo. Para o Governo este novo Estatuto consagra “a liberdade de escolha” das famílias e “abandona a preponderância absoluta do papel do Estado”. Liberdade de escolha? Os professores são colocados nas escolas da mesma forma? E os Alunos? As Escolas particulares aceitam todos os alunos com este cheque escola? Existem vagas para todos? A resposta para todas estas questões é a mesma, não! Passamos a ter um modelo de financiamento diferente, existindo uma transferência directa de verbas públicas para o Ensino Particular em que as Escolas Particulares continuam a poder escolher os alunos e o ensino público passa a existir com os restantes. Uma vez mais não me parece que as Escolas Públicas e as direcções regionais tenham sido ouvidas no desenvolvimento de novo Estatuto. Nada será acrescentado à Liberdade de Escolha. Estamos a empobrecer de dia para dia.

3. Li no público de Quarta-Feira um artigo da autoria da Prof. Maria de Fátima Bonifácio intitulado, A insuportável arrogância da esquerda, em que me apercebi que a historiadora transportou para o papel, teclado presumo, uma cólera colossal proveniente de alguns, residuais, comentários à morte do Dr. Antonio Borges, ou até mesmo à inexistência de lamentos e invocações da memoria do falecido por parte de alguns elementos da esquerda. No texto houve ainda espaço, lamentavelmente, para a comparação destas reacções, às proferidas pela esquerda ao falecimento do Dr. Miguel Portas. Este foi o pontapé de saída para descambar num profunda evocação de crime cometidos por regimes de Estaline, Lenine e Trotsky e aos regimes de Cuba e China. Enfim, um banquete. O Dr. Francisco Assis, do PS, escreve um artigo de opinião às quintas-feiras. No ponto 2 desse artigo, A Alemanha e o regresso da política ao espaço público, teve a oportunidade de responder à historiadora lembrando que os motivos que levam um indivíduo a ser comunista em nada não são comparáveis aos que levam outro a ser Nazi. Certamente que a historiadora não esperaria que a esquerda fizesse um comentário elogioso ao percurso do Dr. Antonio Borges, ou que esta se organizasse num pranto. Da mesma forma que reconhece, certamente, que a comparação das reacções da esquerda ao falecimento do Dr. Miguel Portas e ao do Dr. Antonio Borges, são de uma total de bom senso. Aproveitou a oportunidade para descarregar uma ira ideológica. O nosso país está assim povoado, de profetas que não aceitam nem querem aceitar as ideologias dos outros esquecendo-se mesmo dos princípios que as levam a ter essas ideologias. Em 2008, num debate do programa Prós e Contras, chamado Cigarros Apagados, esta Professora Universitária, afirmou que o fumo passivo não faz mal, nem era causa de morte. Imediatamente o Prof. Constantino Sakellarides, da Escola Nacional de Saúde Pública, disse-lhe que existia bastante literatura sobre o assunto e comprovada evidência científica. Sublinha-se outra vez a falta de bom senso.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Grito de Liberdade

Ontem passaram 50 anos sobre o célebre discurso de Martin Luther King em Washington em que dizia ter um sonho: "I have a dream". Serve a ocasião para falar de liberdade. Mas, lembrando-me de uma também célebre pergunta de Pilatos a Jesus, "O que é a verdade?", pergunto-me com frequência a mim próprio: o que é a liberdade? De facto, a liberdade é, talvez hoje em dia, das palavras mais mencionadas aquela que é mais incompreendida. Não digo que as pessoas não experimentem a liberdade mas quem a sabe definir? Aliás, penso que está aqui a origem da grande confusão: compreende-se melhor a liberdade quando está ligada à experiência que dela se faz do que no âmbito da filosofia, da arte ou da política. Por esta razão, à pergunta "O que é a liberdade?" poucos se aventuram a dar uma resposta definitiva mas à pergunta "Quando é que te sentes livre?" todos ousarão ensaiar uma resposta. Infelizmente, aquilo a que eu assisto com tristeza e preocupação é que há pessoas ou grupos de pessoas que se advogam donos da liberdade, com frequência depois de a terem alcançado: como se uma vez conquistada passasse a ser propriedade daqueles que mais activamente por ela lutaram. Ora, a experiência de liberdade está ligada às mais nobres e sublimes exigências do coração humano, de cada homem, em todos os tempos e lugares: exigências de justiça, de bem, de satisfação, de realização pessoal, de plenitude... O génio de pessoas como Martin Luther King é traduzi-las num grito de liberdade ao qual muitas outras pessoas aderem porque vêem nele o seu próprio grito, confiantes de que juntos se libertarão daquilo que lhes rouba a liberdade. Qualquer grito de liberdade, aquele que vem do mais profundo de cada homem, que clama por justiça, que deseja a plenitude, é sempre um grito verdadeiro e que traz à tona o que de mais genuíno possui cada ser humano. Assim, não é grave discutir sobre o que é liberdade, acho mesmo que há que derrubar certas ideias que se têm como certas. Grave é reprimir o grito de liberdade e impedir cada homem de experimentar o que é ser livre!

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Universidades e a falta de Diálogo

Para elaboração do Orçamento do Estado 2014 uma circular da Direcção Geral do Orçamento (DGO) estabelece que as Universidades e Institutos politécnicos não poderão ultrapassar um determinado limite de receitas próprias. Estas receitas, para além de propinas pagas pelos alunos, abrangem financiamentos internacionais dirigidas a projectos de investigação. Acrescenta ainda que parte das receitas desta natureza realizadas no ano anterior serão cativadas.

O jornal Publico de hoje escreve que para o Ministério da Educação está questão é “inegociável”.

Ora, as Universidades Públicas têm sido, desde a sua existência, instituições de excelência em todas as Áreas (i.e. Artes, Ciências, Letras, Tecnologias). A presença nos rankings internacionais, em lugares de destaque, tem igualmente sido constante ao longo do tempo. A excelência alcançada, a produção de conhecimento e a formação não têm sido afectadas pelos últimos cortes orçamentais.

A falta de diálogo do governo na tomada desta e de outras medidas é prejudicial ao funcionamento das instituições, leia-se, de todas as instituições. O sucesso das nossas universidades deve-se em parte ao debate e à troca de ideias. Nos dias de hoje estas instituições estão totalmente ligadas com as Cidades. Deixaram de estar voltadas para dentro. Uma lição de diálogo dá o Ensino Superior ao Executivo.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Poder Local

  1. O actual executivo chegou ao poder alegando a obrigação imperiosa de um corte na despesa do Estado, “A reforma do Estado”. Esta tónica foi o embrião dos mega – ministérios, o governo mais pequeno de sempre, em número de Ministros. A génese dos Mega – Ministérios deu origem a Mega Agrupamentos Escolares, Centros Hospitalares gigantes e Reagrupamento de Freguesias. A pergunta que se impõe é a seguinte: Então e Mega Concelhos? Juntar por exemplo o concelho da Miranda do Corvo e concelho da Lousã? Ou no Distrito de Portalegre o concelho de Castelo de Vide com o Concelho de Marvão? Sem fazer grandes contas poderemos ver que por exemplo as freguesias de Lisboa, Pena, Anjos e São Jorge de Arroios, que com a nova reforma autárquica constituirão uma única freguesia, Freguesia de Arroios, terá aproximadamente 30.000 Habitantes enquanto por Exemplo o conselho de Góis tem aproximadamente 5.000 e 3 freguesias. A resposta para “A reforma do Estado” não contemplar mega concelhos é simples e etimologicamente parente de concelhos: Concelhias. Única e Exclusivamente. Foram as concelhias que elegeram este governo. Desta forma, existe uma vexata quaestio? Claro que não, o Governo está ciente que é impossível fazer esta reforma.
  2. Não concordo a Lei da Limitação de Mandatos. Em primeiro lugar pela afronta democrática que isso representa. Se os eleitores gostarem do trabalho do Presidente que esteve nos últimos 12 anos e o quiserem reeleger, considerando que é a pessoa que está em melhores condições para o fazer, não podem. Em segundo lugar, a génese desta lei é, segundo sei, não permitir, ou melhor diminuir o risco de corrupção. Vamos admitir o seguinte paralelismo; para reduzir o número de acidentes de viação, cria-se uma lei para limitar o número de viagens por condutor. Teremos no futuro menos mortes na estrada por causa desta medida? Em número absoluto claro que sim, mas a mobilidade das pessoas diminui e o problema mantém-se. Em terceiro lugar, porque esta lei apenas se dirige ao Presidente da Câmara. O presidente da Assembleia Municipal e os restantes elementos das listas não estão abrangidos. Por último, porque já vimos que não será cumprida. Os candidatos deveriam ser os primeiros a moverem todas as forças, em forma de protesto, para que a lei fosse alterada por interesse democrático e não por interesse pessoal. Sobre todos estes argumentos, na minha opinião os candidatos jamais se deveriam, e mesmo que o tribunal lhes venha a dar razão, é imoral.
  3. O Governo vai criar a rota das casas escritores a nível nacional, acho lindamente. O património linguístico português merece este rota e muito mais. Bem como o turismo e, uma vez mais, os concelhos e as autarquias locais também o merece. Só quem não lê é que não tem interesse pelo autor. A forma e o conteúdo das obras literárias em muito devem aos ambientes em que foram escritas. Tiro o chapéu a esta medida. Esta medida e o projecto-piloto do Plano Nacional de Cinema em 23 escolas são duas excelentes medidas que me parecem simples e pouco dispendiosas.


    sábado, 17 de agosto de 2013

    Podemos começar a ter esperança?

    A semana que agora termina trouxe a Portugal duas notícias bastante positivas sobre a economia e o emprego: a taxa de desemprego diminuiu de 17,7% no primeiro trimestre deste ano para 16,4% no segundo trimestre e o PIB cresceu 1,1% no mesmo período. Estes resultados agora divulgados, muito longe de nos retirarem da grave situação em que o país se encontra, têm a força de nos fazer olhar para cima e acreditar que é possível proceder a um virar de página. São tanto mais animadores se tivermos em conta que o desempenho do nosso país neste trimestre é dos melhores dentro dos países Europeus. No entanto, é preciso ter muita prudência na análise dos resultados. Portugal é neste momento, ainda, um dos três países da União Europeia com maior taxa de desemprego e a riqueza per capita gerada está longe de se comparar com as maiores economias da Europa. É preciso acreditar, e esperar, que este desempenho continua no bom caminho para conduzir a um real crescimento económico sustentado e permanente de modo que sirva de alavanca para a melhoria das condições sociais dos portugueses. A equação é muito simples de apresentar (embora complexa de concretizar): o emprego traduz-se em trabalho; o trabalho torna-se produtivo; a riqueza gerada conduz ao crescimento; e o crescimento aumenta a oferta de emprego. Pelo meio, os portugueses aumentam o seu poder de compra e melhoram as suas condições de vida. Para tal, é necessário que o Estado não desperdice o dinheiro que os portugueses lhe confiam através dos impostos. Se estes resultados não permitem começar a ter esperança a quem a perdeu, pelo menos mantenha a daqueles que nunca a abandonaram e regresse aos corações daquelas 72,4 mil pessoas que ganharam um emprego neste período.

    sexta-feira, 9 de agosto de 2013

    Servir o País

    1 – Ao que parece assistimos ao final da telenovela dos SWAPS. O desfecho foi pouco entusiasmante, um Secretario de Estado do Tesouro que há bem pouco tempo tinha acabado de entrar para o executivo teve de sair. Este prodígio que agora irá servir o Instituto de Estradas de Portugal na sua carta de demissão alegou: “A minha disponibilidade para servir o país sempre foi total”. Pois foi, até tentou que o Estado em 2005 fizesse um negócio que viria a ser ruinoso. E acrescentou ainda; “É este lado podre da política, de que os Portugueses tantas vezes se queixam” para indicar que teria sido vítima de falsificação de documentos, documentos oficiais que saíram de São Bento.

    O lado podre da Politica é servir um país, como disse, beneficiando um interesse privado, deixando cá a factura para todos pagarmos. O lado pobre é entusiasmar, aliciar, propor ao Estado um negócio que em nada lhe seria benéfico. Só existem conflitos de interesses porque existem vários interesses envolvidos e um deles é o Público.


    2 – A proposta de lei que corta 10% nas pensões do Estado não abrange as subvenções, estas ficarão para outras núpcias, Orçamento do Estado (OE) para 2014, avançou hoje o Público. Centremo-nos primeiro nesta parte da frase, “lei que corta 10% nas pensões do Estado”, ou talvez lei que corta mais 10% nas pensões do Estado. Os reformados do nosso Pais que o ajudaram a construir e sofreram todas as reformas impostas pelos sucessivos governos agora terão sobre as suas pensões, já totalmente esquartejadas, mais uma redução. Vou aproveitar para deixar ao Senhor Vice Primeiro Ministro, ou melhor, Segundo Ministro, uma vez que, o prefixo vice designa a categoria imediatamente inferior a outra, a seguinte frase; “Esta é a fronteira que não posso deixar passar”. Lembra-se? Eu também!

    Não me esqueci da segunda parte, “não abrange as subvenções”. Terá se esquecido o Governo para não apresentar juntamente com esta proposta? Ou então fez-se esquecido para ver se nós nos esquecíamos? Ou melhor ainda fez-se esquecido sabendo que nós não nos esquecíamos mas sabendo que entretanto nos esqueceremos até o orçamento ser apresentado? Não nos poderemos esquecer que estes senhores estão a servir o país com uma disponibilidade total.


    É esta a Estabilidade que o País necessita? É esta a imagem de credibilidade que queremos passar para os credores Internacionais? Este é o resultado de uma moção de confiança recentemente aprovada? A resposta para todas estas questões é esta; Estabilidade, Credibilidade, Confiança e este Governo tudo junto não é possível!


    Aproveito e cito o Woody Allen, “Se Deus existe, espero que Ele tenha uma boa desculpa”

    terça-feira, 6 de agosto de 2013

    Crises

    Crises há muitas. O mais grave de tudo é que no passado mês de Julho aquilo a que se assistiu em Portugal foi ao acontecer de várias crises em simultâneo: a crise política, a crise económica, a crise das instituições e a crise de valores. No último mês viveu-se uma verdadeira crise política que se iniciou com a demissão do ex-ministro das Finanças Victor Gaspar e que deverá estar prestes a terminar com a demissão mais que provável do Secretário de Estado do Tesouro Joaquim Pais Jorge. Ao contrário do que a oposição tenta fazer crer a crise política não é neste momento mais grave do que era há um mês atrás quando Paulo Portas anunciou que se demitia. Para este facto contribuiu em muito, verdade seja dita, a determinação de Pedro Passos Coelho e a ousadia arriscada de Cavaco Silva em apelar ao diálogo. Infelizmente, a crise económica continuou e não se vislumbra que venha a melhorar de forma muito significativa nos próximos meses. No entanto, é esta crise que actualmente mais faz sofrer os portugueses no seu quotidiano e, para alguns deixará marcas por longos e penosos anos. A crise económica seria aquela que mais se agravaria num cenário de eleições antecipadas: para dar palco ao espectáculo político sacrificar-se-ia a frágil estabilidade económica que apesar de tudo se vai aguentando (estabilidade neste momento é tudo o que nos impeça de cair na bancarrota!). A par destas crises circunstanciais está cada vez mais a ganhar visibilidade um outra crise que nos poderá trazer problemas por muitos mais anos: a crise das Instituições. Instituições, muitas delas suportadas pela Constituição e outras herdadas pela pertença à União Europeia, e que nos habituámos a acreditar nelas como o garante da democracia e das liberdades individuais. De facto, tem-se notado uma quebra gradual na qualidade, na seriedade e na independência das instituições do nosso Estado de Direito, desde os Tribunais da Relação ao Tribunal Constitucional passando pelas Comissões Parlamentares, pelo Governo e pelo Poder Autárquico. Em suma, todas as estruturas do Estado parecem ter sido contaminadas por algo que as está a deteriorar ao ponto de parecer que a democracia está suspensa e as liberdades individuais arrumadas por agora numa prateleira. A que se deve tudo isto? Talvez à mais preocupante das crises: a crise dos valores. E quando falo em valores falo nos valores da democracia e da democracia participativa, do respeito por um Estado que deve ser servidor das pessoas e não servir-se delas, de falar verdade e não mentir, de ter humildade admitindo que se errou ao invés de obstinar num orgulho imperturbável, de procurar agir com justiça e equidade, de defender a dignidade de cada um dos portugueses lutando pelo acesso a uma habitação condigna e a um trabalho justamente remunerado, de não utilizar a justiça condenatória e moralista das ideias políticas em voga, enfim, de valores que tenham em conta o bem comum e que permitam às pessoas viverem de facto em autonomia e liberdade. Resolvida esta última crise, todas as anteriores se resolverão com o tempo.

    sexta-feira, 2 de agosto de 2013

    Ponto de Situação

    É com muita honra que me junto aos ilustres colegas, ou melhor, camaradas como também se diz na tropa. Inevitável e respeitosamente lhes dirijo um especial agradecimento pelo convite.

    Tomo a liberdade de fazer um pequeno balanço político.

    No passado dia 10 de Julho, o nosso País foi a votos. A abstenção obteve o resultado histórico de 0%, pois a mais alta figura da nossa Republica Democrática (?) exerceu o seu direito de voto. Este democrata, reconheceu que o Pais necessitava de uma "salvação" e de estabilidade política.  Para o efeito disse a 3 partidos para encontrarem o caminho certo.
    Estava dado o pontapé de saída perfeito para a salvação; esquecer os eleitores, as ideologias, os programas eleitorais e dois partidos com assento parlamentar. No final, 10 dias volvidos e tudo igual (!) ou pior. A salvação continua por se encontrar e o executivo ficou mais instável, vejamos; Paulo Portas não gostou da nomeação da nova Ministra dasFinanças, o novo Ministro dos Negócios Estrangeiros para além de não gostar de Paulo Portas e não se lhe conhecer nenhuma ideia concreta sobre política internacional ou economia internacional, foi presidente do Conselho Superior da SLN, por ultimo, a mentira, omissão, ou se quisermos a falta de verdade, da Sra. Ministra das Finanças que ajudou ao inicio desta crise política (demissão de Vitor Gaspar) mantém-se.
    Em suma, a mais alta figura do estado foi o único a votar e perdeu. Perdeu contra ele próprio? Não, nós é que perdemos com o voto dele.  

    (Bem, pelos vistos vou ter matéria suficiente para escrever neste espaço).