sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A casa de Anne Frank


A casa de Anne Frank

Segunda-feira passada tive oportunidade de visitar a casa onde Anne Frank e a sua família estiveram escondidos durante a perseguição nazi aos Judeus, na segunda guerra mundial.
De facto, é impressionante o impacto que o entrar naquela casa tem no visitante: os sentimentos contraditórios que provoca, o desafio à razão e à tomada de consciência, a necessidade de fazer um juízo acertado, o desejo de que a humanidade não volte a cair nos mesmos erros... Enfim, um misto de vontade e de impotência que ora esbarra no que de pior o homem é capaz de fazer ora serve de estímulo a um maior empenho na defesa da diginidade humana.
Por detrás de tudo o que aconteceu e do que pode vir a acontecer, do que se fez e do que se deixou de fazer, do que se podia ter feito e do que se pode vir a fazer... está um dos valores humanos mais nobres e inalienáveis: a liberdade de cada um!
E é tendo como pano de fundo a liberdade do ser humano que surgem muitas perguntas, milhares de perguntas, num completo rodopio mental de incertezas e de incredulidades que nos assustam, mas às quais não conseguimos dar uma resposta.
Como foi possível ter aquilo acontecido? O que levou um homem a desejar tanto dominar a humanidade? Como conseguiu ele levar atrás de si grande parte de um povo no ódio aos judeus?
O que levou muitas pessoas a ficar caladas e o que levou muitas outras a ajudar os perseguidos mesmo pondo em risco a própria vida?
E porquê uma perseguição tão dirigida e tão odiosa?
Tantas, tantas perguntas surgem sobre o acontecido e que nos levam a pensar naquilo que de bom e de mau o homem é capaz...


Mas há um conjunto de perguntas que acabam por nos provocar um nó ainda maior na consciência...
E eu, como teria reagido? Como teria actuado se tivesse sido uma daquelas pessoas envolvidas? O que teria eu feito se tivesse sido perseguido ou ao serviço do Estado perseguidor, amigo ou vizinho apavorado, actor ou espectador, soldado ou judeu...
E eu?
A resposta parece fácil quando achamos que tomaríamos um determinado papel... mas a história diz-nos que hoje seremos vencidos e amanhã vencedores, hoje daremos ordens e amanhã receberemos...
Fica a reflexão e a minha promessa de tentar, diária e continuamente, estar atento ao que vai acontecendo.
A democracia dá-nos a possibilidade de alterar rumos ou confirmar direcções, de exprimir opiniões e de conhecer valores diferentes... Por esta razão é tão importante a nossa voz e a nossa participação activa, a nossa luta pelos valores universais e originais do ser humano e o nosso olhar atento sobre aquilo que acontece.
E também é tão urgente saber ceder quando não se tem razão, saber abandonar aquilo que não passam de ideias abstractas sobre comportamentos humanos e de modelos perfeitos de sociedade.
A casa de Anne Frank faz parte da memória da humanidade e deve ser sempre um estímulo à tomada de consciência do ser humano!

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